sábado, 13 de setembro de 2008

"Pobreza não é sina, azar, ou mau jeito, é injustiça¹ " ou Pedagogia da pergunta

OBS.: Esse texto foi produzido e publicado em 24 de fevereiro do ano em curso. Hoje, 13 de setembro, portanto, a 22 dias das eleições municipais de 05 de outubro, o momento histórico-político torna a sua reedição um fato de suma importância, uma necessidade profundamente relevante. Espero que o seja, também, para você.


(Artigo científico) escrito em domingo 24 fevereiro 2008 19:13

Aula é pura transferência de valores, de informações científicas? A essência das ciências trabalhadas pelo professor, é filtrada pela ótica do mesmo? Que ótica é essa? Como é construída? Como se constitui no homem? Os pontos de vista são conseqüência da vista de um ponto? O que queremos que os alunos aprendam, absorvam? Os conteúdos escolares inseridos no planejamento de ensino, refletem o cotidiano da maioria dos alunos? São, deveras, significativos? Encaixam-se enquanto respostas para os problemas do cotidiano? Podemos vê-los como solução para esclarecer o que acontece no mundo, na vida? Nos ensina a ler o contexto mais amplo? Nos oferecem "lentes de grau" para observarmos melhor as falcatruas, as roubalheiras de dinheiro público que eleva à condição de dominantes 1% da população brasileira e de dominados os 99% restantes? Nos permitem perceber que políticas públicas passaram a ser instrumento de barganha pública de políticas? Que desigualdade social refletida na ausência de direitos civis e políticos básicos, tais como educação, saúde, habitação, saneamento básico, a geração de emprego e etc., é fator desencadeante e desencadeador de violências em suas diversas facetas? Na formação do professor estão inseridos conhecimentos que o levam à reflexão desses questionamentos? Há espaços para a formação humana, para aspectos afetivos, para se falar de amor num currículo essencialmente frio, calculista e norteado para o desenvolvimento de valores materialistas, quantitativos, profundamente capitalistas? Em que campo de ação é feita uma ponderação sobre a inserção do homem na sociedade capitalista alienante e desumanizadora? Quem forma o professor que forma o professor inseriu-se ou insere-se nesse contexto interrrogativo? Sabe o professor, que os filhos desse 1% que está no topo piramidal não estão nem aí para ele e nem para o tipo de educação que se implementa aqui no Brasil, já que estuda nas melhores universidades, principalmente, européias, preparando-se para as futuras lideranças do país, inclusive para ser o mandatário desse profissional e dos filhos dele?.



DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e princípio educativo. São Paulo: Cortez, 1992, p. 78.

Um comentário:

Anônimo disse...

O questionamento se torna exercício indispensável à prática do pensar certo. E o pensar certo só é possível numa postura crítica, imparcial adquirida por meio da prática da pesquisa. Mas o que se percebe, e não é de hoje, é uma educação alienadora para a massa populacional, ou seja os menos favorecidos e claro, por traz dessa perversidade camuflada pelo assistencialismo, políticas paliativas e temporárias, existe todo um propósito de manter a população submissa, tornando a "educação de qualidade" mais um trampolim eleitoral, onde promessas infindas são feitas, principalmente no período das eleições.
E assim, como uma bola de neve os problemas em torno dos serviços públicos vão crescendo, inclusive os índices de pobreza, resultado da falta de compromisso sério do poder público no cumprimento das então promessas para com a sociedade e da falta de informação das pessoas tornando-as objetos manipulados, marionetes nas mão dos que representam esse 1%. A prática do pensar deve estar intrínsecamente ligada a formação do cidadão, pois é esta a alavanca dos movimentos sociais em prol das reinvindicações e possíveis mudanças.
Esse artigo me posibilitou recordar um pouco das aulas da Disciplina de Movimentos Sociais. Muito bom!